*A crise argentina e como ela afeta o Brasil*

Postado em 03/10/2018


*A crise argentina e como ela afeta o Brasil*

*A crise argentina e o Brasil*

O que acontece com a Argentina? Há relativamente pouco tempo estava indo tudo bem, com perspectiva de crescimento, inflação em queda e emprego em alta, mas, este ano, a economia entrou em colapso.

“Três eventos vieram na contramão. O primeiro, foi uma seca severa seca que assolou o país, em que houve a pior quebra de safra em mais de 50 anos; o segundo foi a alta dos juros americanos, combinado aos problemas relacionados à Turquia; e a terceira foi a perda de apoio político ao presidente Maurício Macri, por conta do aumento de tarifas e outras medidas impopulares”, explica o consultor Roberto Luiz Troster, ex-economista chefe da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN).

“Agora, a Argentina está atravessando uma grave crise econômica, com uma severa desvalorização da sua moeda, uma taxa de inflação elevadíssima e manifestações populares contra a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI)”, complementa ele.

Segundo o economista, o governo fez o que precisava ser feito, adotando medidas ortodoxas: aumentou a taxa de juros e interveio no mercado cambiário para sustentar sua a moeda. “Foi preciso recorrer à ajuda do FMI e de investidores privados que, para concederem crédito, exigiram um plano econômico que eliminasse o atual déficit fiscal, que requer duros cortes nos gastos públicos e aumento de impostos. E assim foi feito, apesar das consequências políticas negativas”, explica ele, afirmando que essas medidas já estão surtindo algum efeito, com o dólar se estabilizando e com perspectiva de queda em breve. “Na realidade, a Argentina enfrenta um problema de falta de confiança, mais que de falta de solidez econômica, pois as províncias têm superávit fiscal e os bancos estão capitalizados e saudáveis”, diagnostica Troster.

Agora, sobre os reflexos da crise portenha no Brasil, o especialista não acredita que possa acontecer algo semelhante por aqui. “O Brasil tem reservas internacionais altas, um déficit em conta-corrente pequeno e a inflação relativamente sob controle, situação essa completamente diferente a dos argentinos”, diz ele, explicando que, certamente, haverá algum reflexo no aspecto comercial. “A Argentina importará 30% a menos, o que irá afetar diretamente as transações comerciais entre os dois países, especialmente aquelas relacionadas à indústria automobilística. Além disso, teremos uma queda significativa no número de turistas argentinos que virão para cá consumir”, conclui Troster.

Fonte: simpi