Postado em 28/11/2018
BANCOS PRECISA MUDAR
Quando o governo concorre com a iniciativa privada em mercados onde não há ineficiências crônicas, cria uma distorção involuntária, gerada pelo conflito de interesses que há entre um ente que regula ao mesmo tempo em que lucra com as regras que estabelece. Se uma regulação favorece o público, mas cria problemas para o seu principal acionista, é pouco provável que seja editada, afirma Bruno Alves especialista em desenvolvimento sustentado, e assessor do Simpi.
Por outro lado, há uma tendência natural dos mercados maduros a um arranjo de forças. A guerra por espaço é substituída pelo aumento de rentabilidade dos negócios via eficiência operacional em suas zonas de conforto. Com isso, uma instituição bancária não ataca o espaço da outra na oferta de crédito, mas se concentra em aumentar a rentabilidade dos seus acionistas cortando custos e repassando encargos. Como bancos públicos costumam ser menos eficientes, criam margens artificiais para que os privados possam lucrar. Se houvesse uma concorrência entre muitos bancos privados, as margens seriam atomizadas.
Que a maior concorrência obrigaria os bancos a praticarem tarifas menores, a terem linhas de crédito direcionadas a negócios de maior risco e a melhorarem o atendimento aos seus clientes. É claro que isso não seria uma consequência instantânea, seria preciso a desregulamentação da atividade bancária e de investimentos, o aumento de garantias jurídicas e execuções por descumprimento de contratos e aumento dos instrumentos para garantir a segurança dos negócios. Mas nada disso faz sentido quando não se quer uma competição real entre os agentes. Vejam por exemplo como é no EUA, que tem hoje mais de 3500 bancos atuando no mercado. A taxa de juros para pequenas empresas chamadas lá de "small business" vai de 1% a 5% ao ano e as vendas no cartão de crédito para receber no mesmo dia tem de 0,2% para o lojista e com custo de 0,8% a 2,5 % ao mês para o comprador.
Fonte: SIMPI