Postado em 24/04/2025
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Alta do dólar reflete combinação de fatores externos e internos, como juros nos EUA e incertezas fiscais no Brasil, e afeta mercado, consumo e política monetária
A recente alta do dólar frente ao real reacendeu o debate sobre os impactos cambiais na economia brasileira e suas repercussões para o mercado, os consumidores e a política monetária. Em um cenário global ainda marcado por incertezas geopolíticas, oscilação nos juros internacionais e desconfianças fiscais internas, a valorização da moeda norte-americana tem provocado ajustes nas expectativas. Para o professor de economia do Insper, Roberto Dumas, o movimento de valorização do dólar não é algo isolado ou repentino. Ele enxerga a combinação de fatores internos e externos como pano de fundo desse avanço. Entre os principais vetores, destaca o comportamento do Federal Reserve, que tem sinalizado cautela para a redução dos juros nos Estados Unidos, tornando os ativos em dólar mais atrativos e drenando capital de países emergentes. Na avaliação do economista, o ambiente interno também contribui para a pressão cambial. A percepção de risco fiscal mais elevado, associada a dúvidas sobre o comprometimento com metas e âncoras fiscais, acaba ampliando a aversão dos investidores e fortalecendo a moeda americana.
Além disso, ele lembra que o câmbio no Brasil é flutuante, o que naturalmente o torna mais sensível a choques e percepções externas. Embora a desvalorização do real possa beneficiar setores exportadores, como o agronegócio e parte da indústria, o professor aponta que há efeitos adversos importantes, especialmente sobre a inflação. Produtos importados ficam mais caros, e isso pode pressionar o IPCA, obrigando o Banco Central a rever sua estratégia de queda de juros. Nesse sentido, ele reforça que a política monetária precisa levar em conta não apenas a trajetória da inflação corrente, mas também as expectativas futuras, que podem se deteriorar com um câmbio persistentemente elevado. A trajetória do dólar continuará dependendo do equilíbrio entre o cenário fiscal doméstico e o ambiente externo. Enquanto persistirem as incertezas, tanto aqui quanto lá fora, a volatilidade deve seguir como marca registrada do câmbio brasileiro. Assista:
Fonte: Vem aí dólar em alta, desconfiança fiscal e muita pressão externa