Postado em 14/03/2018
DEMOCRACIA EM BAIXA
O Latinobarómetro é uma pesquisa anual de opinião pública que, desde 1995, observa o desenvolvimento de democracias, economias e sociedades da América Latina. Medindo a percepção que a população tem de seus respectivos governos, os resultados desse trabalho apontam que, nos últimos 3 ou 4 anos, houve uma queda pronunciada no índice de satisfação do público-alvo, em relação à democracia. “Os cidadãos latino-americanos não estão mais acreditando nos seus respectivos sistemas democráticos”, afirma o cientista político Luís Carlos Burbano, explicando que a principal causa desse fenômeno reside no fato de que, os defensores da democracia, como os políticos, não estão sabendo defendê-la de fato. “Elegemos aqueles candidatos que se posicionam melhor, que têm boas propostas e promessas eleitorais, além de boa máquina eleitoral. Mas, no momento em que esses chegam ao poder, acabam sendo ruins e não conseguem governar com eficácia”, analisa ele.
De acordo com a mesma pesquisa, no Brasil, apenas 13% da população está satisfeita com o sistema democrático, em que só 6% dos entrevistados fazem uma avaliação boa do governo federal, percentagem essa que é a mais baixa de todos os países da América Latina, até mesmo da Venezuela. “Outro dado impressionante é que apenas 3% acreditam que os governantes governam para o benefício do povo, o que reflete a grave crise política e institucional que o Brasil atravessa”, afirma o cientista político que, também, apresenta mais um dado relevante: pela primeira vez, nesse mesmo levantamento, a corrupção aparece como o principal problema no Brasil, acima da saúde e da segurança pública.
Por fim, a pesquisa também revela que, quando a democracia não está conseguindo dar respostas aos grandes problemas da sociedade, a tendência é que regimes autoritários ou o crime organizado acabem tomando conta.“Quando há um vazio de poder, sempre alguém irá ocupar essa lacuna, impondo a própria política com muito mais força. E isso é muito ruim”, afirma o especialista, que cita o exemplo do Rio de Janeiro, onde ocorre uma espécie de inclusão social perversa. “Se o sistema democrático não faz a inclusão do indivíduo, ele acaba sendo incluído socialmente através da prostituição, narcotráfico e outras vias ilegais”, conclui Burbano.