Postado em 28/11/2018
EUA X CHINA
Há tempos, viemos apresentando nessa Coluna diversos episódios da “queda de braço” entre os EUA x China, principalmente em função das recorrentes declarações ásperas de Donald Trump em relação àquela potência asiática, o que vem gerando instabilidade em todo o mercado global, com reflexos inclusive para o Brasil.
Segundo a professora Fernanda Magnotta, coordenadora do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), tudo isso começou na campanha eleitoral do presidente norte-americano em 2016, quando decidiu adotar uma pauta comercial essencialmente protecionista. “Desde que foi eleito, Trump vem fazendo fortes críticas à China, dizendo que esse país gera déficit comercial aos americanos, e que é preciso reverter esse cenário. Então, resolveu sobretaxar o aço e outros produtos chineses, para tentar garantir vantagem competitiva aos produtos fabricados nos EUA, inclusive estabelecendo novas regras para investimentos, tecnologia e propriedade industrial”, afirma ela, medidas essas que causaram uma natural reação chinesa, que passou a utilizar a mesma moeda em relação à entrada de produtos americanos em seu mercado, disputa essa que deu origem ao termo “guerra comercial”.
“Isso não beneficia em nada o cenário internacional, pois criam instabilidades que possibilitam o agravamento da economia mundial. Como os países hoje são muito interdependentes, um eventual atrito entre as potências pode, sim, afetar os demais parceiros globais”, disse a professora.
Ela acredita que essa situação, contudo, poderá gerar grandes oportunidades para o Brasil. “Nosso país é visto pelos chineses como uma fonte muito rica em insumos, como matéria-prima e alimentos. Assim, diante desse impasse com os EUA, poderíamos engajar algumas oportunidades e aumentar sensivelmente a nossa participação no mercado chinês”, esclarece ela, informando que a China, atualmente, já é nosso maior parceiro comercial.
Então, Magnotta está convicta de que o Brasil precisa rever suas prioridades comerciais, tendo uma pauta de pacificação política, de estabilidade institucional e de desenvolvimento econômico, de forma a consolidar a segurança jurídica em todos os níveis. “Temos o recrudescimento de uma crise internacional em vigência, mas existem oportunidades que, se bem trabalhadas, podem dar ao país a chance de alcançar uma posição de destaque entre os principais players mundiais”, conclui.