Postado em 18/04/2018
GUERRA COMERCIAL EUA X CHINA
Via de regra, guerra comercial é definida como uma disputa entre países, gerada por utilização de mecanismos de confronto econômico, tais como embargo comercial, a imposição de barreiras alfandegárias e/ou sobretaxação da importação de produtos. E é isso que está se desenhando entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores potências econômicas do mundo na atualidade. De acordo com Amâncio Jorge de Oliveira, professor titular do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP), o início do conflito se deu quando o presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu colocar em prática a chamada “America First” (América Primeiro), política que pretende fortalecer a indústria americana, com a finalidade de gerar empregos em seu próprio território.
“Ao impor tarifas de 25% sobre a importação de aço e 10% sobre o alumínio, visivelmente os EUA miraram para a China, uma vez que importam deles mais do que exportam”, afirma Oliveira, explicando que, como retaliação, o país asiático decidiu sobretaxar produtos que compram dos americanos, como automóveis e a soja. “A partir disso, ambos os países começaram a apresentar uma sequência de medidas protecionistas e retaliações de um contra o outro, cuja escalada poderá evoluir para algo muito mais sério, com consequências negativas não só para eles, mas para outros países também, já que, como as cadeias globalizadas de produção e consumo estão interligadas, um desequilíbrio comercial desse porte poderá levar a uma recessão econômica mundial”, alerta ele.
“Além disso, os produtos chineses que não vão para os EUA, poderão vir e inundar o mercado brasileiro. Como a nossa capacidade de defesa contra essas importações não é a mesma dos norte-americanos, agravado por um sistema tributário que é prejudicial ao produtor nacional, torna-se inviável competir com os produtos importados, o que certamente trará resultados danosos para a economia como um todo”, analisa ele que, por outro lado, não acredita que haja um acirramento das tensões geopolíticas, ao ponto de chegarmos a um conflito militar. “Tenho a convicção de que o mercado global e as regras serão restabelecidas, evitando essa guerra comercial, que não é boa para ninguém”, conclui Oliveira.