Nos últimos tempos, o mercado financeiro tem demonstrado um certo nervosismo. A inquietação é justificada por diversos fatores, principalmente pela alta do dólar e das taxas de juros futuras, cujas causas principais residem na questão da dívida pública. O economista Otto Nogami explica que embora muito se fale sobre o arcabouço fiscal e a reforma tributária, poucos avanços concretos são observados, especialmente em relação ao corte de gastos. Esse cenário contribui para o aumento progressivo da dívida pública. Apesar de um crescimento econômico em curso, ainda que modesto, que contribui para reduzir ligeiramente a relação entre dívida pública e PIB, a principal preocupação permanece sendo o montante total da dívida acumulada pelo país. A necessidade de financiamento dessa dívida torna-se evidente e é realizada por meio da poupança nacional, englobando economias das famílias, das empresas e do capital estrangeiro. No entanto, ao perceber a ausência de um esforço efetivo no controle dessa dívida, o capital estrangeiro tende a se afastar, impactando diretamente a taxa de câmbio. A saída de capital do país desvaloriza a moeda nacional, o que é refletido pelo aumento da taxa de câmbio. Essa desvalorização ocorre em um momento de queda na comercialização de commodities, devido ao término das safras, o que intensifica a pressão sobre o câmbio. Consequentemente, essa situação encarece a importação de bens intermediários, essenciais para o processo produtivo: aumento nos preços dos insumos intermediários que se reflete no custo final dos produtos, gerando uma pressão inflacionária. Além disso, com o crescimento da dívida pública, mais recursos são desviados para o seu financiamento, restando menos capital disponível para investimentos no setor produtivo. A falta de investimentos compromete a capacidade produtiva do país, o que se torna preocupante em um cenário de demanda nacional crescente. Quando a demanda supera a capacidade de produção, o resultado é uma pressão adicional sobre a inflação. Portanto, é urgente que o governo adote medidas rigorosas para controlar os gastos públicos. Mais do que apenas ajustar a política monetária com elevação das taxas de juros, é essencial reestruturar a economia de forma sustentável, visando a estabilidade futura e evitando desequilíbrios como inflação elevada e câmbio desajustado. Assista: