PORQUE AS TAXAS DE JUROS NÃO CAEM PARA O CONSUMIDOR?

Postado em 09/05/2018


PORQUE AS TAXAS DE JUROS NÃO CAEM PARA O CONSUMIDOR?

"NEM A PRODUÇÃO DE MACONHA IRRIGADA CONSEGUE PAGAR OS JUROS COBRADOS POR BANCOS BRASILEIROS"

Tema recorrente desta Coluna, mesmo com as seguidas reduções da Taxa Básica de Juros do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) que, recentemente, atingiu o patamar mais baixo da série histórica (6,5% ao ano), muitos empresários não conseguem entender o porquê dessa queda não chegar aos juros praticados hoje pelas instituições financeiras, que chegam a cobrar estratosféricos 300% ao ano em instrumentos financeiros como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito. Tendo um custo menor para captar recursos, em tese, os bancos deveriam ter mais dinheiro disponível para circulação, o que abriria espaço para a redução dos juros em empréstimos e financiamentos. Porém, isso não se concretiza em realidade.

Segundo o jornalista e comentarista econômico Miguel Daoud, o crédito continuaria difícil mesmo que a taxa SELIC fosse reduzida a zero. “Na composição da taxa de juros, o banco inclui o percentual referente ao depósito compulsório, em que parte dos recursos captados dos clientes deve ser obrigatoriamente depositado no Banco Central; um percentual de risco de inadimplência, que pode chegar a 47%; os tributos gerados pela operação, que giram em torno de 20%; e o lucro da instituição, que fica na ordem de 25%, além das demais despesas. Tudo isso, então, encarece em muito o custo do crédito”, explica ele. “Além disso, quando vivemos em um período de crise, sempre há a possibilidade de existir alguma mancha no cadastro do tomador de crédito, por algo que ele eventualmente deixou de pagar, o que, muitas vezes, é motivo para dificultar ou, até mesmo, inviabilizar seu acesso ao crédito”, complementa.

Daoud afirma ainda que, se não houver uma profunda alteração na atual estrutura do crédito no país, com diminuição dos impostos e resolver a questão do spread bancário, entre outras providências, não adianta ficar discutindo redução na taxa de juros. “Se não tivermos crédito fácil, que é o oxigênio da economia, o país não vai conseguir crescer a taxas suficientes para cobrir as demandas de renda e emprego”, conclui o jornalista.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=IwWau0mfewQ&feature=youtu.be