Postado em 08/05/2024
Simpi/Datafolha 1 e 2
De acordo com dados da 12ª rodada nacional da pesquisa Indicador Nacional de Atividade da Micro e Pequena Indústria, realizada pelo Datafolha entre os dias 12 e 28 de março a pedido do Sindicato da Micro e Pequena Indústria (Simpi), referentes ao mês de março, 28% das empresas da categoria operam sem possuir conta bancária de Pessoa Jurídica, com uma incidência ainda mais acentuada entre as microindústrias, atingindo 33%. Essas empresas possuem CNPJ, evidenciando uma desconexão entre a formalização legal e o acesso aos serviços bancários. Empresas no município de São Paulo despontam como as mais desbancarizadas, com 33% delas operando sem conta PJ. Essa tendência sugere uma necessidade urgente de medidas que facilitem o acesso das empresas ao sistema bancário. De acordo com o levantamento, metade (49%) das empresas desbancarizadas está concentrada na Região Sudeste, o que sugere uma correlação entre densidade populacional e incidência de desbancarização. Já dados do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian mostram que, em março de 2024, 6,3 milhões de Micro e Pequenas Empresas (MPEs) foram alcançadas pela inadimplência. O segmento com o maior número de negócios no vermelho foi o de serviços, que representou 54,2% do total. Comércio também teve uma participação significativa, equivalendo a 37,8%. Em seguida, estava a indústria (7,7%) e a categoria demais (0,4%), que contempla os segmentos primários, financeiros e terceiro setor. As dívidas negativadas somaram R$ 115 bilhões e o tíquete médio de cada débito foi estimado em R$ 2.635,3. Em média, cada pequeno negócio possuía 6,9 contas atrasadas. A maior parte das MPEs com CNPJs negativados eram do Sudeste (52,4%) e, a menor parcela, do Norte (5,5%).
O economista Otto Nogami destaca uma série de indicadores que apontam para um cenário desafiador para a micro e pequena indústria. Segundo Nogami, os resultados da 12ª edição da Pesquisa Indicador Nacional de Atividade da Micro e Pequena Indústria, revelam uma tendência de queda em diversos aspectos-chave. Um dos principais pontos de preocupação é o índice de satisfação, que registrou uma redução, principalmente devido à queda no faturamento das empresas pesquisadas. Nogami ressalta que essa diminuição no faturamento está intrinsecamente ligada à inflação acumulada nos primeiros meses de 2024, que corroeu o poder de compra das famílias e consequentemente enfraqueceu a demanda. Outro indicador relevante é o índice de contratação e demissão, que revela uma escassez de mão de obra qualificada no mercado. Embora as empresas tenham vagas disponíveis, a falta de profissionais capacitados resulta em dificuldades na ocupação dessas posições e, por consequência, tende a elevar o salário médio real. No entanto, não são todos os indicadores mostram queda. O índice de custos, por exemplo, se manteve estável, influenciado pela queda do Índice Geral de Preços de Mercado (IGPM) no primeiro trimestre. Essa estabilidade nos custos de produção é um ponto positivo em meio ao cenário desafiador. Por fim, Nogami destaca o índice de satisfação macroeconômica, que apresentou um recuo devido à inflação crescente, ao aumento do desemprego e às perspectivas de aumento na taxa de juros Selic. As expectativas iniciais de uma taxa de juros mais baixa foram revistas, refletindo as incertezas tanto no mercado doméstico quanto no cenário internacional. Assista:
Fonte: Simpi/Datafolha 1 e 2: região norte apresenta o menor número de CNPJ’s negativados