Postado em 09/10/2024
Volatilidade Cambial na Competitividade Industrial
A taxa de câmbio, considerada o segundo preço mais importante da economia, é uma preocupação central, especialmente para os industriais. 0 economista Roberto Luis Troster explica que isso ocorre porque a taxa de câmbio afeta diretamente o preço de muitos produtos industrializados que enfrentam concorrência externa. Se a taxa estiver elevada, as indústrias brasileiras ganham competitividade internacional, mas se o câmbio estiver valorizado, o cenário se inverte, e elas perdem competitividade. Outro fator importante é que muitas indústrias dependem de insumos importados para produzir. Quando compram esses insumos com o câmbio alto e vendem seus produtos com o câmbio baixo, sofrem prejuízos financeiros. No entanto, se a situação for oposta, elas podem se beneficiar. No Brasil, o grande problema é a volatilidade da taxa de câmbio. O sistema de câmbio flexível, em teoria, deveria se ajustar às condições de competitividade da economia, mas na prática, o câmbio no país se mostra muito sensível a fatores políticos, mais do que a condições econômicas. Isso se deve, em parte, à estrutura do mercado de câmbio, que tributa o mercado à vista, mas isenta algumas operações no mercado futuro, causando uma maior instabilidade. Atualmente, o câmbio brasileiro apresentou alta por motivos políticos, mas tem demonstrado sinais de queda. Os fundamentos econômicos indicam uma valorização da moeda brasileira. Há dois fatores principais para isso: o diferencial de juros entre o Brasil e outros países, e a balança comercial. Com a taxa de juros americana em queda e a brasileira em alta, o diferencial atrai investidores externos que buscam maior retorno nas taxas de juros brasileiras. Além disso, a balança comercial do Brasil está projetando um superávit elevado este ano, o que significa maior entrada de dólares no país. Outro fator relevante é a balança de transações correntes, que também deve gerar um superávit de 1,5% do PIB, aumentando ainda mais a oferta de dólares. Quando a oferta de dólares cresce mais do que a demanda, a tendência é que a taxa de câmbio caia. Diante disso, é razoável projetar que o câmbio fique um pouco acima de R$ 5,00 até o final do ano, desde que não surjam novos ruídos políticos. Assista:
Fonte: Impactos da Volatilidade Cambial na Competitividade Industrial e Projeções para o Brasil