Postado em 18/12/2024
desafios da economia 2024
O economista Hudson Bessa, especialista no mercado financeiro, discutiu o cenário econômico atual do Brasil. Ele começou abordando o contexto desafiador, marcado por uma desvalorização cambial de 20% e o dólar alcançando patamares elevados, como R$ 6,00. A situação fiscal do país foi um ponto central da análise, destacando a frustração das expectativas em relação ao controle de despesas governamentais.
Hudson observou que o governo buscou inicialmente aumentar a arrecadação, mas essa estratégia se mostrou insustentável, levando à necessidade de cortes nas despesas, algo que ainda não foi efetivamente concretizado. A revisão das metas de déficit primário em abril foi destacada como um sinal claro das dificuldades fiscais, seguido por um pacote de medidas que não atendeu às expectativas, tanto em escala quanto em solidez.
O economista enfatizou o impacto negativo das renúncias tributárias e a falta de medidas de curto prazo eficazes, o que gerou incertezas no mercado e influenciou os planos de negócios a se tornarem mais conservadores. Hudson também analisou as perspectivas para o crédito, considerando as projeções de inflação no topo da meta e a possibilidade de taxas de juros elevadas para o próximo ano. Ele ressaltou o impacto dessa política no aumento do custo do capital, no número de recuperações judiciais e na desaceleração da economia.
Hudson ponderou que a busca pelo controle da inflação por meio de taxas de juros elevadas pode agravar o cenário macroeconômico, com consequências negativas para o mercado de trabalho e a atividade produtiva. Apesar do quadro preocupante, ele demonstrou otimismo moderado, acreditando que o governo pode adotar medidas mais eficazes de contenção de gastos e que o Banco Central deve agir de forma cautelosa, evitando elevar os juros a níveis insustentáveis.
Ele também destacou o risco de dominância fiscal, mas afirmou acreditar na capacidade do país de evitar essa situação devido à complexidade e à robustez de sua economia, além de instituições fortes. Sobre a polarização e o endividamento global, Hudson apontou essas questões como tendências generalizadas em diversas sociedades. Ele destacou o aumento recorde da relação dívida/PIB tanto em níveis públicos quanto privados, resultado da pandemia, e os riscos associados ao aumento das taxas de juros em mercados internacionais.
A polarização, segundo ele, reduz o espaço para diálogo e consenso, dificultando a busca por soluções. Ao final, Hudson reiterou a necessidade de políticas que promovam o desenvolvimento do país sem comprometer a economia produtiva, manifestando esperança de que decisões mais equilibradas possam ser tomadas. Assista:
Fonte: Os principais desafios e perspectivas para a economia brasileira no cenário de 2024