Postado em 24/01/2018
SINAIS DE RECUPERAÇÃO
Nos últimos anos, vivenciamos um período muito difícil, marcado por uma profunda crise econômica que, exposta pelos números pífios do Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 e 2016, nos levou à maior recessão desde 1947. Porém, nós começamos a sentir uma pequena recuperação, traduzida em um crescimento tímido durante 2017 que, mesmo sendo muito lenta, conseguiu levar algum ânimo ao mercado, gerando boas expectativas para 2018. “Apesar de ser um ano de eleições, as projeções apontam um modesto crescimento do PIB em 2018, o que já é um alento”, afirma o professor Antônio Evaristo Teixeira Lanzana, doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e ex-consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Segundo ele, são vários os fatores responsáveis por esse aquecimento.
“Um deles foi o ambiente favorável na economia mundial, que beneficiou as exportações brasileiras. Outro fator que merece destaque foram as excelentes safras agrícolas em 2017, impulsionando o agronegócio brasileiro em 15%”, analisa o economista, dizendo que esses elementos representaram um efeito multiplicador importante. “Muitas vezes, temos um crescimento pontual vindo das exportações e do agronegócio que, depois, se espalham de maneira positiva por toda a economia”, esclarece o professor.
Agora, baseado no histórico da economia nacional, Lanzana acredita que o Brasil poderá crescer entre 2,5% e 3% anuais pelos próximos 5 anos, com alguma variação para mais ou para menos. “É o que dá para crescer de forma responsável, considerando o quadro atual em que o governo não pode expandir os gastos públicos, tampouco deixar de arrecadar a tributação, já que a situação fiscal do país está caótica”, pondera ele, argumentando que o Brasil conseguiria até crescer mais do que isso, mas seria de maneira irresponsável, o que traria sérios problemas no futuro. “Um dos gargalos mais sensíveis é a precária infraestrutura, que afeta diretamente a competitividade do produto brasileiro. Agora, se houvesse uma avalanche de programas de concessões/privatizações, com pesados investimentos internacionais na área de infraestrutura, esse processo de crescimento certamente poderia ser acelerado”, esclarece o especialista.
Por fim, o acadêmico entende que a atual política econômica está bem encaminhada, mas que, ainda, está longe de ser completa. “Infelizmente, ainda não podemos dizer que a crise já foi superada. O que eu espero, é que as reforma estruturais propostas evoluam e consigam entrar em vigor ainda em 2018, porque são relevantes e imprescindíveis para acelerar o ritmo de crescimento do país” conclui Lanzana.